Independente de qualquer tradição humanitária na educação, a maioria do uso de animais na educação é prejudicial, isto é, causa algum tipo de prejuízo físico ou psicológico ao animal envolvido, e pode envolver de forma negativa o estudante em situações de conflito ético. O uso prejudicial de animais pode ser criticado de muitas maneiras:
É eticamente questionável
A falta de discussão sobre a ética do uso de animais e as alternativas existentes no ensino e transmissão do conhecimento científico gera, no final e paradoxalmente, uma lição ética: a de que a preocupação ética não importa. O currículo oculto ensina que a vida é barata e animais podem ser considerados como instrumentos descartáveis. E quando a ciência se vê inserida dentro de um vácuo moral e ético, ou permite a transmissão de mensagens como esta, as consequências para a ciência e para a sociedade em geral pode ser muito séria.
Põe em risco a liberdade civil
Muitos estudantes não têm opção diante do uso de animais em seus estudos, e muito menos direito formal de objetar. Geralmente alternativas não são oferecidas, e não existe dúvida de que o uso compulsório de animais faz com que muitos estudantes não ingressem na área de ciências biológicas e da saúde. Alguns dos que escolhem ingressar talvez se inteirem deste uso no último minuto, e pode ter que se ver forçado a mudar de curso, por escolha pessoal ou penalidade acadêmica. Tal discriminação é uma infração contra as liberdades civis: todos estudantes devem ter o direito de não participar de práticas que envolvam o uso de animais, e ter acesso à alternativas pedagogicamente reconhecidas.
Causa perdas na ciência
É uma perda significativa para as profissões quando estudantes escolhem por não ingressar em um curso de ciências biológicas ou da saúde por causa do uso de animais. É ruim para a ciência em geral e para a pesquisa humanitária, pois discrimina bons cientistas: aqueles preparados a pensar criticamente, familiares com métodos alternativos e sua eficácia, e aqueles que ainda não perderam seu respeito à vida. Aumenta-se ainda o abismo de gênero que existe na ciência, ao discriminar jovens mulheres interessadas na ciência: existe uma maior sensibilidade e respeito aos animais demonstrados – mas não exclusivamente – por mulheres. Veja este e-mail recebido pela InterNICHE Brasil há dois anos:
"A minha infelicidade era que eu achava que nunca faria um curso de Biologia. (...). Nunca tentei Biologia pois apesar da vontade enorme eu sabia que não teria coragem de matar animais para serem abertos ou abri-los ainda vivos. Carregava esta mágoa dentro de mim. Agora que achei o site da Rede, vou lê-lo cada letrinha, vou entrar no curso de biologia e não vou matar nenhum animal. Agora sei que isto é possível e sei onde buscar ajuda caso precise (...)'' - Karla Patrícia, Designer - Belo Horizonte/MG
Provoca um ambiente de educação desfavorável
Outra crítica diz respeito a pedagogia e a experiência de aprendizagem. Muitos estudantes reclamam que aprendem muito pouco ou nada com os experimentos com animais, que o experimento não funcionou, e que queriam terminar logo com a prática. O estresse associado com o conflito ético pode criar um ambiente muito pobre de aprendizagem.
Em contrapartida, existem mais de 30 estudos acadêmicos publicados que demonstram que em termos de performance acadêmica, estudantes utilizando alternativas aprendem tão bem, ou em alguns casos melhor, que estudantes utilizando o tradicional experimento com animais. O biólogo Dr. Jonathan Balcombe, ex consultor de alternativas da InterNICHE, compilou os achados destes estudos. E em termos de qualidade e profundidade da educação, o uso prejudicial de animais como uma abordagem é limitada.
Insensibiliza estudantes
Diversos estudos confirmam que estudantes tendem a se tornar insensíveis com as práticas onde animais são utilizados de forma negativa (prejudicial). Tais mudanças têm uma consequência considerável para estes estudantes enquanto indivíduos e para a sociedade como um todo.
É desnecessário
A maioria dos estudantes de ciências biológicas ou da saúde talvez nunca utilizarão animais em suas carreiras, sugerindo que tais práticas são de questionável relevância. Para os que utilizarão animais – veterinários e alguns biólogos, por exemplo – a existência de cursos em muitas universidades onde alternativas são aplicadas é uma evidência suficiente de que o método antigo não é mais necessário.
“Eu desenvolvi um curso que pode oferecer um bom conhecimento e experiência em fisiologia sem que animais sejam utilizados. A norma foi um curso sem experimentação animal, porque eles são desnecessários. Existem muitas formas de demonstrar princípios fisiológicos que os experimentos animais se tornam desnecessários” - Prof. Kerstin Lindholm-Kiessling, Dept. of Animal Physiology, University of Uppsala, Sweden.
Estudantes de biologia, medicina humana, vetegrinária, e de outros cursos já estão se formando sem ter passado por qualquer experimento com animais, e talvez estejam bem mais preparados para as profissões na qual estão adentrando.
Envolve altos custos
Estudos feitos pela Humane Society of the United States (HSUS) e outros grupos compararam os custos que envolvem o uso de animais com os custos das alternativas, e encontraram uma considerável diferença em favor o uso de alternativas. O custo de implementação das alternativas pode ser alto a curto prazo, mas é recuperado com o tempo. A compra de apenas produtos de software é mais barata que os custos associados à compra e manutenção regular de animais em biotérios. E enquanto os benefícios educativos de qualquer investimento em alternativas é aparentemente imediato, um número de outros benefícios como a redução do conflito entre estudante e professor, aumento da habilidade com computadores, e uma maior reputação acadêmica pode ser observado.
Causa sofrimento animal e pode desequilibrar populações de animais selvagens
Primeiro, animais sofrem quando restringidos em seu comportamento normal, ou quando a eles qualquer intervenção que cause dor for infringida. Eles sofrem no processo de captura e transporte, quando enjaulados e criados em cativeiro, quando mortos pela dissecção e quando sujeitados a experimentos. Ecologicamente ainda existe uma preocupação sobre a diminuição de populações selvagens de animais, como sapos, em países que permitem este tipo de exploração.
Pode ser enquadrado como crime federal
O uso de animais no Brasil e proibido em estabelecimentos de ensino secundário desde 1979. O uso de animais em estabelecimentos de ensino superior contraria a legislação, especificamente a Lei de Crimes Ambientais, que declara, nos Crimes Contra o Meio Ambiente (Capítulo V):Art. 32 – Praticar ato de abuso, maus tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos.§1o – Incorre nas mesmas penas quem realiza experiência dolorosa ou cruel em animal vivo, ainda que para fins didáticos ou científicos, quando existirem recursos alternativos.§2o – A pena é aumentada de um sexto a um terço, se ocorre morte do animal.
Fonte: Interniche Brasil
Denuncie!
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Videos National Geografic
Alteridade
Alteridade é quando conseguimos compreender o "Outro", nos colocarmos em seu lugar, nos compreendermos como ele se compreende, é ouvi-lo, é sentir seu desejo pela vida e pela liberdade. Em nossa dominação pela Terra e por tudo que nela existe, nós não exercitamos a alteridade, mas sim, a dominação, de forma bruta tanto para com aqueles que julgamos inferiores, como para conosco mesmo. Ação e reação, o que enfrentamos hoje nos aparece na forma da terceira lei de Newton: "Para cada ação há sempre uma reação, oposta e de mesma intensidade". Somo incapazes de pensar na Natureza como um "Outro", como aquele a quem oprimimos e subjugamos, somos incapazes de ver os animais como um "Outro Ser" do qual nos apropriamos e oprimimos, porque somos incapazes de exercitar a alteridade para com eles.
Simone Nardi
Simone Nardi
Nenhum comentário:
Postar um comentário